Aiquidô | |
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Informação geral | |
Local de origem | ![]() |
Grafia | |
Nome nativo | Kanji: 合気道 Romaji: Aikidō |
Relação com outras modalidades | |
Antecedente(s) | Jiu-jitsu Aikijujutsu Kenjutsu Bojutsu |
Descendente(s) | Yoseikan Yoshinkan Shodokan Iwama |
Praticantes notórios | Gozo Shioda Koichi Tohei Michio Hikitsuchi Morihiro Saito Yasuo Kobayashi Hiroshi Isoyama Steven Seagal |
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Aiquidô[a] (em japonês: 合気道, aikidō) é uma arte marcial criada no Japão na década de 1940 pelo mestre Morihei Ueshiba (1883-1969), cujo cerne orbita em torno do uso pragmático da energia num combate, no controlo desse fluxo. Os praticantes desta arte respeitosamente chamam seu criador de O-Sensei ("grande mestre"), ou Fundador.[1]
Ueshiba concebeu o aiquidô a partir da sua experiência com dezenas de artes marciais mas com o núcleo baseado na escola vetusta do daito-ryu aiki-jujutsu, com sensei Sokaku Takeda, ao qual incorporou técnincas do kenjutsu (técnica da espada) e do jojutsu (técnica do bastão curto). Noutra mão, a despeito da origem guerreira, o carácter distintivo reside do modo preciso em não se opor ao adversário, mas, antes de qualquer coisa, envolvê-lo e utilizar de sua própria agressividade e energia. E, conforme o nome da arte sugere, toda sua prática está intimamente relacionada ao conceito de ki, uma energia natural que flui no corpo humano: o aiquidô extrapola e faz do controle/harmonização do ki sua mola mestra, isso claro no estudo do provecto princípio do aiki (relacionado ao kiai), que tem estado presente nas mais diversas disciplinas orientais e pretende resolver uma deficiência não pelo choque mas pela concórdia.[2]
Outro atributo de relevo da arte é seu apego ao desenvolvimento espiritual. Isso advindo dum dos mentores de Ueshiba, o monge Onisaburo Deguchi, líder da seita Oomoto-kyo, no Japão, a quem, depois de um encontro fortuito, passou a seguir e ser protector pessoal.[3]
Após seu passamento, a unidade da arte marcial manteve-se quase intacta, permanecendo precipuamente sub a condução de seus sucessores naturais, Kisshomaru Ueshiba (1921-1999) e Moriteru Ueshiba (1951). Isso, todavia, não impediu que outras entidades surgissem, cada qual com uma proposta e uma lobrigação particular sobre a modalidade. Porém, ao praticante realmente comprometido, chamado de aiquidoca, resta a consciência de sua origem.[4]
Morihei Ueshiba nasceu no Japão no dia 14 de Dezembro de 1883 e faleceu em 26 de abril de 1969. Durante a infância, presenciando com frequência malfeitores espancarem seu pai por problemas políticos, decidiu fazer-se forte para poder se vingar.[5] Tornou-se experto em vários modalidades de disciplinas de combates, alguns estilos de jiu-jitsu, espada e lança, mas, apesar de suas impressionantes capacidades físicas e marciais, sentia-se insatisfeito.[6]
Ueshiba, então, voltou-se para o estudo religioso, na esperança de encontrar um significado mais profundo para a vida. Esse aspecto religioso, combinado com treino e com suas algumas correntes ideológicas e políticas, criou a cércea na qual uma nóvel arte marcial. A bem da verdade, o aiquidô surgiu de um processo de evolução pessoal e que ficou marcado como paradigma a ser seguidos pelos aiquidocas. Por exemplo, o nome da arte somente foi cunhado em meados de 1942, sendo antes referida como aikibudo e aikinomichi.[7]
De qualquer forma, arte marcial não surgiu senão na metade inicial do século XX. Antes, era basicamente uma ideia na mente de seu fundador, que permanecia a treinar as diversas disciplinas aprendidas durante sua vida. O aiquidô é indubitavelmente uma escola de jiu-jitsu, pelo que suas raízes do aiquidô podem ser traçadas muito dentro da história do Japão e mais além, como o próprio nome faz sugerir, pois o conceito do ki (uma espécie de energia que flui através do corpo de uma pessoa e pode ser achada em tudo), e do aiki, não é exclusivo da região. Esses conceitos podem ser restreados por todo o Oriente (Índia e China, principalmente).
Na juventude, em 1898, Ueshiba mudou-se de Osaca para Tóquio, onde teve contacto mais profundo com diversas artes marciais, escolhendo didicar-se a três estilos distintos: Tenjin Shinyo-ryu, de jujutsu; Hozoin-ryu, de sojutsu; e Yogyu Shinkage-ryu, de kenjutsu.[8]
Depois, Ueshiba mudou-se para Hocaido, uma ilha setentrional e bastante inóspita do arquipélago nipônico, como cabeça de um grupo colonizadores e aventureiros. Naquele momento, por volta de 1905, encontrou-se na ilha com o mestre guerreiro do clã homônimo, Sokaku Takeda. Takeda era praticamente o último representante da arte marcial samurai, à época conhecida como daito-ryu jujutsu e um tanto obscura, pois era praticada somente de forma hereditária. Desde o encontro, Ueshiba passou a treinar com Takeda.
Na segunda metade da década de 1920, retornando à terra natal, Ueshiba aproximou-se de Onisaburo Deguchi, líder religioso, ficou bastante impressionado. Contacto esse que foi a última influência no desenvolvimento da nóvel arte, emprestando o marcante aspecto filosófico e pacifista.[8]
A despeito de incipiente, espiritualidade e reflexão estiveram presente. Segundo o próprio fundador, sua arte não foi aprendida inteiramente com mestre Takeda, mas, mais importante, ele teria pavimentado o caminho para seu surgimento: «Takeda abriu-lhe os olhos». O encontro com Deguchi deu-se ainda na estação de Ayabe. Saindo do comboio ferroviário, chamou a atenção de Ueshiba o facto de haver uma grande multidão ao redor de um certo homem, pessoas de todo tipo e até vestidas com roupas formais e até quimonos ceremoniais. Seguindo o homem até uma alameda de templos, entrou num deles e pôs-se a orar... Ao abrir os olhos, deparou-se com Deguchi que lhe perguntou o que tinha visto. Usehiba disse ter visto a face morimbunda do pai, ao que Deguchi lhe disse que estava tudo bem com o ancião, eis que sua vida chegava ao ocaso de forma natural e ele (o pai) estaria bem por si mesmo.[3]
Chegando em casa, Ueshiba somente encontrou a notícia de seu pai já tinha ido a óbito. Entretanto, o ancião havia-lhe deixado um último conselho: «viva livremente e realize tudo o que se dispuser a fazer». Depois do choque e de uma reclusão, Ueshiba retornou até Ayabe para encontrar Deguchi, que lhe teria dito que sua verdadeira missão era criar uma arte que ajudaria a humanidade.[3]
Mestre Ueshiba seguia, dentre outras coisas, ensinando a arte de Takeda Sensei. O aiquidô surgiu nesse contexto não como uma criação consciente mas no decorrer de um processo de evolução pessoal de Ueshiba. Ele aponta como um dos momentos de epifania quando um oficial da marinha japonesa, experto no emprego da espada, o desafiou para um embate. Da luta o resultado foi a vitória de Ueshiba sobre o oficial, que ficou cansado, pois não conseguir acertar um golpe com o boken, que eram todos desviados. Ueshiba percebeu que poderia subjugar um oponente sem que fosse preciso resisti-lo.
Durante o estabelecimento de sua escola, mestre Ueshiba manteve contacto com diversos mestres, das mais variadas escolas e estilos de artes marciais.[9]
Os ensinamentos do fundador foram num primeiro momento, entre 1920 e 1930, chamados de aikibudo. Todavia, já por volta de 1940 a escolha era chamada aikido, mas ainda era praticado apenas por poucos e exclusivamente no Japão. Após a Segunda Guerra Mundial, o aiquidô foi introduzido em outros países. O fundador teve passamento em 1969, e seu filho, Kissomaru Ueshiba, assumiu a tarefa de difundir a arte.
Conforme sucedeu com outras artes marciais japonesas, depois que o Fundador faleceu (sendo a figura unificadora), fatores internos levaram à fragmentação da modalidade e, assim, hoje a arte possui algumas ramificações, a maioria criados por antigos alunos de O-Sensei. Por outro lado, alguns apontam que o aiquidô não possui estilos verdadeiros, eis que o próprio Fundador admitia que os instrutores ensinassem conforme seu entendimento.[8]
O termo aiquidô (aikidō) é composto por três ideogramas kanji: 合 (ai), harmonia; 気 (ki), energia; e 道 (dō), caminho. O que, numa tradução mais ou menos literal, significaria «caminho para harmonização de energia» ou «caminho para harmonia de energia». "Ki" é o mesmo que "Chi" do chinês. Estes termos são os que entram em energia. A energia que flui de cada ser.
O termo dô pode ser achado no judô ou no kendo, ou na arte da caligrafia (shodō) ou do arranjo de flores (kadô). O termo aiki refere-se ao princípio da luta de absorver o movimento dos atacantes para controlar suas ações com o mínimo esforço. Se inspira no tao ou o todo ou o caminho, não se admitindo competição e onde o treino procura desenvolver sentimentos de fraternidade e cooperação. Baseia-se em movimentos fluidos e circulares. Além das técnicas de mãos vazias, os treinos também podem incluir armas: bokken ou bokutô (espada de madeira), jô (bastão curto) e tanken ou tantô (faca de madeira).
Na sua teoria espiritual, parte fundamental da luta, o aiquidô busca a harmonia dos seres com uma energia universal chamada ki, comum às práticas zen e à ioga. Este termo não tem uma tradução estrita para o português, podendo denotar diversos conceitos: respiração, sopro vital, espírito, energia ou intenção (nas imagens quem está aplicando a técnica é denominado tori ounage e quem sofre a aplicação é chamado uke).
O motivo pelo qual se usa a calça hakama reside no fato de que por suas sete pregas tem-se a representação das sete virtudes do samurai, das quais uma é a etiqueta (respeito), pelo que umaiquidoca deve dar muita atenção à etiqueta, principalmente dentro de um dojô.
O atual Doshu (Do= caminho; Shu= mestre), Moriteru Ueshiba, pratica o Cha No Yu (cerimônia do chá), que é em essência a prática da etiqueta.
Cada dojô tem suas peculiaridades sobre etiquetas e protocolos, mesmo no Japão, mas alguns comportamentos são mais claros a todos japoneses do que aos ocidentais não iniciados:
O aiquidô é uma modalidade marcial na qual não existe a prática de competição. Diferentemente do que sucedeu com outras modalidades modernas de budo, nas quais se enfatizou a realização de disputas entre atletas e de torneios, na arte de Ueshiba esse aspecto não existe, pois refoge do escopo original: o treinamento ostensivo do corpo e da mente serve como disciplina primaz para nortear o ser humano no caminho da evolução espiritual. Com isso, busca-se manter intacto o verdadeiro e tradicional budo.[11]
O repertório técnico da modalidade é baseado no koryu Daito-ryu, de luta desarmada. A despeito disto, os movimentos são inspirados pelos movimentos de manipulação da katana, isto é, cada movimento, seja das mãos, seja um deslocamento ou projeção, possui um correspondente realizado com a espada.[12]
O-Sensei Morihei Ueshiba dizia "caímos sete vezes e nos levantamos oito". Por ser basicamente um budô sem kumite, treina-se metade do treino como tori (ou nage, aquele que aplica o golpe, que se defende) e metade como uke (aquele que recebe o golpe, que faz o ataque).
Por isso é essencial o eterno desenvolvimento não só das técnicas de tori, mas também das técnicas de uke, que incluem as técnicas de rolamento, ou quedas, ou ukemi (受身?).
Filosoficamente, o espírito de "cair sete vezes e se levantar oito" representa os momentos em que as quedas na vida são inevitáveis. Nesses momentos o aiquidoca deve saber como se comportar durante a queda inevitável, preservando seus pontos vitais e também como erguer-se posteriormente.
Nas técnicas, representa o fato de que após as quedas o uke não fica estendido ao chão, mas levanta-se utilizando a própria cinética da queda. Para tanto, o uke deve treinar intensamente essas quedas individualmente previamente para que quando for utilizá-las, as quedas sejam mais fluidas e mais eficazes. Daí porquê nos levantamos oito vezes.
As três posturas básicas do aiquidô também vém das posturas da espada, com os pés na posição de L, sendo o pé que está à frente correspondente ao mesmo lado da mão que está à frente e alinhando umbigo, mão, dedão do pé e posição do olhar. São elas:
O aiquidô, como o próprio nome já denota, prima pela manipulação das energias correntes num combate, daí que o princípio da não-agressão é expresso por não se contrapor a um golpe adversário, pero, antes disso, receber esse golpe e direcioná-lo de volta ao agressor. Desta feita, estuda-se como o corpo inteiro deve mover-se, no escopo de atingir esse desiderato de não se contrapor, aplicando-se os conceitos de tai sabaki, ashi sabaki, te sabaki, metsuke e outros.
A movimentação do corpo inteiro, ou tai sabaki, está ligada à movimentação do tanden (região abaixo do umbigo, também chamada de ponto um, saika tanden, saika no itten, kangen ou de hara — barriga). A propóstio, o ideograma de sabaki representa uma costureira cortando um tecido com sua tesoura. Da mesma forma o sabaki deve ser executado em um movimento só.
Movimentando-se o copor, mister lembrar que os deslocamentos são feitos com o movimento das pernas, ou ashi sabaki, também chamado de un-soku (sensação das solas dos pés). Consiste no treino focado na movimentação dos pés.
Basicamente todos os golpes podem ser executados na forma omote waza e ura waza. Estes conceitos podem variar, mas estão ligados aos conceitos de yin e yang. Algumas das definições são: